O dia 08 de março é muito importante para nos lembrar a importância das conquistas das mulheres em todo o seguimento. Não é um dia apenas para ganhar presentes e sim para ganhar respeito e igualdade pois infelizmente viemos de uma era machista cheia de abusos tanto psicológicos como físicos. Esses abusos são tão enraizados que muitas pessoas , inclusive mulheres, não tem conhecimento de que pratica o machismo. Na religião, no acadêmico, nos esportes , na política e dentro de casa essa herança machista ainda é forte, por mais conquistas que já foram ganhas.
Hoje aqui no blog da Amee vamos falar das principais conquistas no skate feminino. Claro que a lista é grande mas vou fazer recordações das principais conquistas pela qual foi moldando o skate feminino aqui no Brasil.
• Zine de skate feminino
Nos anos 80 ( até antes) e 90 já tinham mulheres praticando skate. Elas começaram pelo freestyle e depois foi ganhando espaço no street. Mas foram as meninas do zine C.I.O. – Check It Out- que começaram a fazer um movimento importante para ganhar mais espaço na cena do skate que era extremamente machista e radical ( em todo o sentido). E elas criaram um espaço só feminino através do zine que não era apenas o zine e sim um movimento que fazia um trabalho de formiguinha coletando e incentivando meninas por onde passavam. Nessa época era quase impossível ter um espaço nas revistas andando de skate. As responsáveis por essa revista era a Liza Aráujo ( @liz_angeles) ,Luciana Toledo (@luciana_toledo77) e Ana Paula Negrão ( @anapaulanegrao) e foi através delas que também fizeram o 1º vídeo de skate feminino : Dona Maria
zines Check It Out
Na capa do zine: Amanda- SP ( 2000) e Catarina Hu ( 1998)
Essas meninas do zine junto com outras skatistas da época também foram responsáveis por lutar para ter a categoria em campeonatos. Elas buscavam meninas para completar de 3 a 5 competidoras para rolar a categoria, muitas vezes sem premiação. Isso foi crescendo até que em São Caetano do Sul já rolava os campeonatos com a categoria ( começo dos anos 90) e com os nomes : Luana de Souza ( RIP), Giuliana Ricomini, Renata Paschini, Alessandra Jurardi entre outras meninas .
Liza também foi responsável, junto a outras skatistas, pelo 1º campeonato feminino no Brasil ( veja mais aqui).
O 1º video de skate feminino no Brasil.- Dona Maria.
Dentre as skatistas, a Cherry ( RIP)
A 1º associação de skate feminina
Em 2002 surge a necessidade de uma organização mais séria para regulamentar os campeonatos femininos no Brasil. Com a ajuda da CBSK ( na época com o Alexandre Vianna como presidente).
A intenção da ABSFE era regulamentar os campeonatos que tinham a categoria feminina com mais seriedade e clareza nos critérios de julgamento , a obrigatoriedade da categoria feminina nos principais eventos e circuitos (que contavam pontos no ranking brasileiro) e mais tarde a divisão de categorias ( Fem1, fem2 e profissional).
Essa associação que teve como diretoria no inicio as skatistas : Patrícia Rezende (GOIAS) –presidente, Tatiane Marques ( SP) – vice presidente, Marta Linaldi ( SP) – secretária, Karen Jones (SP) – departamento de comunicações e relações publicas, Patiane Freitas(SP)- departamento de esportes, Ana Paula, Marcia (marca Bruaka) e Monica Messias (SP) – Departamento financeiro e Mirelle ( SP) – departamento jurídico. Depois foi mudando e tendo parceiras importante como a Evelyn Leine, Christie Aleixo e Renata Paschini .
Dessa associação surgiram muitas ideias como: Oficinas de skate só para as meninas que teve iniciativa da Evelyn Leine ( na época ela tinha o site ” skate para meninas” ) campeonatos só para meninas e circuitos da ABSFE que eram só femininos com divisão de categoria e homologado pela CBSK. Foram grandes conquistas que deu andamento para muitos eventos importante de hj e associações como a AFSK. Todo esse trabalho fez o skate feminino crescer na época surgindo nomes importantes no skate. Nessa época surgiam os blogs e sites direcionados só para skate feminino. O skate saia do papel e surgiam os sites: Garotas no Comando ( era da skatista Karen Jones), Skate Feminino Brasil ( da skatista Tat Marques ), Skate para Meninas ( da skatista Evelyn Leine) e depois o Divas Skateras ( da skatista Estefania Lima).
Campeonato Brasileiro de skate feminino realizado pela AFSK que começou em 2011 com 30 participantes e chegou a 180 skatistas divididas nas categorias: mirim, fem1, fem2, master e gran master em 2 modalidades: street e bowl.
Categoria profissional no skate feminino
O que era motivo de piada anos atras virou realidade através de muito esforço e skate! A categoria feminina precisava de mais um degrau para continuar essa evolução e foi chegada a hora de ter a categoria profissional no skate feminino com as primeiras profissionais : Christie Aleixo ( downhill), Karen Jones ( vertical), Renata Paschini ( vertical), Leticia Bufoni ( street) e Ligiane Xuxa ( Street) . Hj temos muitas profissionais mas a primeira foi em 2000 com a Christie Aleixo. E com isso veio os campeonatos profissionais só feminino ( Na verdade ja tinha la fora -USA_ e as meninas iam pra la competir) mais tarde aqui no Brasil com o campeonato realizada pela AFSK o Super Street Pro, em 2016 onde a Karen Feitosa e a Pamela Rosa passaram pra pro.
As skatistas começaram a assinar produtos como profissionais e a 1º foi a Ligiane Xuxa assinando seu pro model ( shape) da Amee Skate , logo veio a Karen Jones assinando tênis da Mary Jane e Renata Paschini também assinando shape pela Rattrap.
Video de lançamento do pro model da Ligiane Xuxa com a marca Amee Skate Arte
Igualdade na premiação
Não é novidade a diferença de premiação entre homens e mulheres em um evento. Em um evento e cotas/ salários para as skatistas / atletas. Isso não é uma realidade só no skate mas em todas as areas : moda, design, advocacia… e assim vai. Mas foi em um campeonato do Oi STU Open que aconteceu em 2016 que veio a tona essa questão.
A diferença entre valores nas premiações das meninas e meninos era gritante! Heis que rolou um movimento, não somente do skate, com a força da internet, mas com a sociedade toda que ficou indignada de ver essa diferença.
Essa foi uma questão importante que foi levantada e hj muitos eventos já igualaram as premiações dando mais oportunidade de crescimento para as skatistas que se dedicam a isso.
Ainda existe muitos atos machistas no meio do skate e nas maiorias do esporte. Mas o importante é saber que o trabalho esta sendo feito e as coisas estão melhorando. A conscientização sempre é o melhor caminho.
AMEE
Texto:
Tat Marques