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A Amee tem uma grande satisfação em fazer essa parceria com o artista e amigo Flavio Grão. Demorou um pouco para acontecer mas hoje ele faz parte da nossa historia com essa pintura exclusiva e muito bonita que estampa os shapes da marca.


Quem é o Grão?

Eu sou Flavio Grão, eu cresci em São Bernardo do Campo – SP, tenho 44 anos, sou educador e artista plástico.

 

Qual sua relação com o skate e com a arte?

Eu cresci em SBC, lá tem a pista clássica, que já foi até reformada algumas vezes, e foi um período em que o skate estava em sua forma mais agressiva. Na década de 1990 eu andava e as artes do skate me chamavam muito a atenção, foi o skate que me apresentou o punk rock que é uma cultura que me ensinou muito através do Do It Yourself (Faça você mesmo).Eu desenho desde muito pequeno mas foi quando eu comecei a frequentar o cenário do punk e do hardcore que eu comecei a ver uma função para a minha arte. Eu comecei a ser chamado pra usar a artes que eu fazia no meu caderno para estampar a capa de um cd, uma camiseta, ou fazer um cartaz de banda,etc. A primeira função que minha arte teve foi a serviço da música e isso continua até hoje.

 

cartaz de autoria do artista para um show da Chocolate Diesel, na qual Grão era Guitarrista na década de 1990

 

 Quando você fala de um skate agressivo e da própria estética apresentada por esses shapes na época, você acha que hoje no momento em que que vivemos, elas ainda teriam o mesmo efeito?

Eu acho que o skate nos anos 1990 era mais transgressor e de certa forma suas artes também representavam isso. Hoje em dia o skate tá por todo canto, isso é positivo porque você tem acesso a várias formas de arte, de shapes e muitos skatistas acabam se expressando através da arte. O skate tem essa questão da atitude e skatistas vêm a possibilidade de se expressar através da música, desenho e da pintura. Hoje eu não acho que as estéticas do skate não estão ligadas a uma coisa só, nos anos 90 estava muito ligado a agressividade, as caveiras, etc. Hoje em dia tem espaço para praticamente tudo.

 

  O seu contato com o skate quando você era mais novo, que te apresentou esse caminho pautado pela liberdade e por essa forma lúdica de encarar a cidade, contribuiu de alguma forma pro seus processos criação hoje?

Acho que foram duas coisas, o skate e o punk rock. Primeiro o skate por essa outra percepção da cidade e se deslocar, encontrar grupos de diferentes bairros e classes sociais. O skate tem essa característica da congregação, que me fez conhecer a cidade de uma outra forma. Lançar possibilidades e se desafiar, de encarar as coisas de maneira diferente. Acho que essa subversão que o skate traz também pode ser aplicada para a arte.

 

Você, como arte educador, advindo desses movimentos, como foi fazer essa transição para a prática como educador?

Eu me tornei educador dando aula no movimento punk, eu vi que queria trabalhar com liberdade e trabalhar com pessoas, a reciprocidade. O skate traz uma percepção diferente da cidade, consciente e inconscientemente. Você olha cidade com outros olhos, primeiro porque pode fazer interações lúdicas e também como um desafio. Acho que isso faz com que skatistas encarem a cidade e sociedade de uma forma diferente, porque andar de skate é criar em cima da cidade, eu vejo que muitos skatistas acabam tem e manifestam essa capacidade criadora, se envolvem com música, fazem arte, indo por esse caminho artístico. O skate é uma mola propulsora da criatividade.

crianças realizam dinâmica de pintura em uma aula ministrada por Grão

 

  Vendo que o skate como método de empoderamento, é uma ferramenta útil na educação? Você já usou o skate ou coisas advindas do skate no seu processo como educador?

Não porque eu creio que o skate é livre, acima de tudo, mas ele tem um componente que eu não diria exatamente educativo mas de sociabilidade, através dessa qualidade de congregação, de união de pessoas de diferentes lugares, se reunirem para andar de skate. Eu vejo sim a questão do empoderamento, da criança/jovem que começa a andar muito cedo, superar seus próprios desafios, a se deslocar pela cidade mas creio que ele não se encaixa no sistema educacional. Ele é sim educativo, talvez até auto-educativo.

 

  Você é ilustrador e já realizou vários trabalhos como zines de narrativa, capas de livros e cds. Como anda essa produção dessas obras? 

Eu estou mais focado na pintura agora. Eu tenho sorte de ser convidado para fazer um estilo de arte que eu já faço em termos de estética, e de fazer coisas que eu consumo né? Eu gosto muito, tenho sorte das pessoas respeitarem o tipo de desenho que eu tenho e confiarem no meu trabalho.

obra do artista estampa o disco “Ponto Cego” da banda de harcore Dead Fish lançado em 2019

 

  Como aconteceu esse convite da Amee para fazer essa colaboração do shape?

Eu conheço a Tat (criadora da Amee skate & arte) há muito tempo. Nos anos 90 ela foi uma das primeira meninas que eu conheci que andavam de skate. Nós somos da mesma geração, tínhamos amigos em comum, ela colava nos shows da minha banda (Chocolate Diesel, img 2) é uma história bem longa. Nós vimos essa possibilidade de fazer esse shape junto e eu já conhecia os outros shapes da marca, vejo que ela tem essa questão de dar liberdade para uma arte do shape, acho isso muito bacana porque vira um objeto colecionável mas também feito para ser usado.

arte original do shape, látex sobre papel

 

  No processo de produção da ilustração do shape, e de representação das crianças no shape por exemplo, de onde vieram essas inspirações e o que foi/é essa arte pra você?

Eu pensei muito na questão lúdica da cidade e no arquétipo urbano que o skatista acaba virando, daquela menina ou menino empoderado, que circula se desafiando pela cidade. Os rostos deles não são mostrados porque skatista é um arquétipo da cidade, grandes ou pequenas, sempre existe aquela figura que está sempre circulando, desafiando a arquitetura urbana, o banco vira um obstáculo, etc. Sempre estive pensando nisso, dessa forma lúdica e desse pensamento, muitas pessoas não percebem, mas é uma forma de pensar o mundo de vê-lo de outra perspectiva. 

A menina no topo porque o skate é uma atividade que propicia muito esse empoderamento feminino, de certa forma a criação das mulheres tradicional é pensada para que ela não saia de casa e o skate traz essa questão do movimento, do expandir, então eu achei fundamental que a figura principal da arte fosse uma mulher.

Com relação às cores, eu usei tinta látex, tinta de parede de cores bem populares e familiares à prática do skate, que a gente vê na rua cotidianamente, porque o skate é segunda atividade atlética mais praticada no Brasil e isso faz com relativamente comum vê-la pelas ruas participando daquele ambiente urbano.

 

   Em que momento para o Grão aquela arte foi feita? O artista que começou aquela arte é o mesmo de hoje?

A gente sempre muda né, mas naquela época eu estava fazendo uma pesquisa de cores, América Latina, na arte do shape isso fica mais explícito, mas essas referências continuam no meu trabalho. A gente nunca é a mesma pessoa, mas eu continuo trilhando esse mesmo caminho.

 

  Na sua produção você utiliza muitos cadernos, sketchbooks, são coisas dinâmicas que podem ser levadas e trabalhadas em qualquer lugar, porque essa escolha?

O sketchbook é como um diário pra mim. Um lugar de registros conscientes, escritas e através do desenho, muitas informações simbólicas e inconscientes. É uma produção que eu levo muito a sério, eu vou desenhando e vai criando uma narrativa que muitas vezes eu só vou entender depois. É um modo de transformar minha vida cotidiana em arte, muitas vezes eu vejo que um desenho que eu fiz no caderno as vezes vira um quadro, é uma produção que se movimenta constantemente.

esboços originais da arte do shape lançado pela Amee
esboços originais da arte do shape lançado pela Amee

 

  Como o artista em você percebe essa arte utilitária, que é além de estampar algo ela também vai passar pelo uso cotidiano, no caso do shape por exemplo?

Eu acho que o shape tem duas coisas, tem a questão de que é uma obra colecionável e uma obra que vai ser destruída né? Quando você faz/compra um shape com uma arte que você acha bonita, deve ser uma contradição muito grande pra quem compra. O shape é um modo de arte urbana muito efêmero assim, é algo que vai ser feito para ser desgastado. As vezes eu fico pensando, talvez se a pessoa gosta muito da arte ela pode compra um shape pra colocar na parede e outro pra destruir hahaha

 

  Você já tinha feito outras artes de shapes antes?

Essa é a segunda arte. Nos anos 90 eu fiz uma série inteira, com 8 shapes e agora to voltando com esse. Da primeira vez eu tinha um personagem em comum e tinha que adaptar o personagem pra cada skatista de acordo com suas características e coisas que eles gostavam e agora é uma arte que eu fiz de maneira bem independente, de certa forma é um respeito pela arte por si só.

 

   O skate como arte trabalha com arte sensível, sentir nas mão, sentir as texturas com os pés e sua produção é majoritariamente manual. A sua escolha por produzir arte manualmente é de manter esse aspecto sensível e manter essa tradição da arte feita com as próprias mãos? 

Se eu fizer um resgate, eu comecei fazendo arte manualmente, aí veio a arte digital, eu não migrei pra arte digital porque a princípio eu não quis aprender e depois eu vi que o que eu fazia tinha muito significado, pelo fato de ser manual e porque era um diferencial. Eu acabei me mantendo na arte manual mas eu creio que a arte digital é muito importante para quem trabalha com velocidade. Pra mim faz sentido fazer uma arte manual porque tem ligação com o gesto, o inconsciente e a velocidade mais lenta também contribui pra você pensar de uma outra forma para o que está produzindo. No começo era o que eu fazia, depois eu não corri atrás e acabou sendo o que eu faço até hoje haha

 

  Você acha que hoje no tempo em que vivemos, no qual tudo é acelerado, e a gente não consegue lidar com a velocidade em que as coisas acontecem, deveríamos ter mais contato com a arte manual e ter um tempo diferente mais devagar do fazer?

Tem uma teoria da educação que fala que para o conhecimento novo ser absorvido ele tem que se estabilizar aos conhecimentos anteriores e só depois ele vai se encaixar naquele sistema, como se pegasse um livro e encaixasse numa estante cheia de outros livros, primeiro ele se estabiliza e depois você encaixa, classifica ele. Para mim o tempo da contemplação é muito importante, de encaixar, de absorver e talvez se apropriar daquele novo conhecimento.  Eu cresci no analógico e não sei como é para alguém que nasceu no digital. Pra mim isso é muito importante mas é difícil dizer como as outras pessoas lidam com isso.

 

Obrigado por ter nos recebido em sua casa, por nos conceder essa entrevista e parabéns pelo seu trabalho. Para fechar, que conselho você daria para pessoas que buscam seguir no caminho da arte hoje?

 

Muito obrigado vocês, foi muito massa recebê-los aqui. E o conselho é faça o que você gosta, arte ou skate, pelo motivo mais nobre que é o simples gostar de fazer. Fazer para buscar dinheiro, fama ou vaidade já é um desvio do princípio, arte é processo e não produto. Fazer algo nos dias de hoje sem esperar reconhecimento monetário pode ser um belo caminho para uma evolução pessoal, isso são coisas que a arte e o skate lhe oferecem.

Grão em seu ateliê em sua casa

 

Shape de marfim com fiberglass disponível nos tamanhos: 7,75″ – 8″ – 8,25″ e 8,5″

 

Shapes já disponíveis para compra – acesse: Loja Amee

Texto, fotos e edição do video:
Joao Lucas Teixera ( @joaolucasrt )

 

O Arteras de hoje é com a Agnes Teixeira Silva ( @agneststattoo )skatista de Porto Alegre e natural de Sapucaia do Sul com 25 anos de idade. Seu primeiro contato com o skate foi aos 10 anos de idade com meu pai e meu irmão mas foi aos 17 anos que se dedicou mais. Começou no street e depois que conheceu seu marido embarcou no downhill também.

DVS – O skate pra você é…
AT -O skate pra mim, é um estilo de vida uma terapia algo que me faz sentir viva de verdade.

DVS – Qual é a sua arte?
AT – A minha arte.. Começou com o desenho no papel, depois foi para o digital e em seguida foi para pele.

DVS – O que te fez seguir este estilo?
AT – A arte que me escolheu e não fui eu que a escolhi pois sempre esteve comigo desde sempre.
DVS – Qual a relação do skate com a sua arte?
AT – A arte acompanha o skate sempre em cada lugar novo paisagem nova, pessoas diferentes estilos diferentes etc.

DVS – De onde vem a inspiração?
AT – A inspiração vem do amor e por tudo que é diferente e a tatuagem é algo que fica eterno no nosso corpo, assim como as cicatrizes que ganhamos com os tombos de skate.

DVS – Para vc, qual a importância da manifestação artística na vida e no skate?
AT – Sem a arte o mundo seria muito sem graça, imagina um mundo sem cor, sem música, sem teatro, sem filme, sem quadros na parede, sem grafite nos muros…. Seria tudo em branco.
É uma forma de protesto também!

DVS – Quais artistas te inspiram?
AT – Frida Kahlo art e Marisa Del Santo no skate.
E todas as mulheres que fazem arte são minha inspiração.
Pois eu sei o quanto é dificil viver da arte ou estar no meio disso.

 

Estúdio: @templolunartattoo
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Texto:@tat_marques .
Fotos: @ceschiniphotography @laurabarrosfoto @gt_fotografia1 @rodriguessfab
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#divaskateras #arteras #skatefeminino #skatearte #tattoo

 

Fonte: @divaskateras

Quem é Você? O seu caráter interior é revelado, como os gregos antigos acreditavam, pela composição de seus traços?  Ou a resposta não tem nada a ver com o seu rosto ?  Vinte e dois artistas exploram a questão em ME: Uma Exposição de Auto-Retrato Contemporâneo, destacando as interseções entre psique, espelho e outro.

 

Com curadoria da editora colaboradora Sugarlift e Juxtapoz, Sasha Bogojev, e apresentada na High Line Nine de Nova York, a exposição ME acontece de 16 a 30 de janeiro de 2020e contará com pinturas e desenhos de 22 artistas internacionais, além de palestrantes convidados explorando o auto-retrato ao longo da história da arte. e cultura contemporânea.

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  Cor&ação – Hip Hop e Cidadania é um projeto de fomento cultural que visa a interação social através de atividades artísticas e desportivas voltadas para a cultura de rua. Caminhamos para a 6° Edição, trabalhando o , identificação e a estética periférica como principais fatores de representatividade social de minorias. O projeto inclui atividades como o campeonato de skate, batalha de Mcs, batalha de B.boys/B.girls, graffiti, Djs, capoeira, apresentações circenses, oficinas de mandala, teatro, desenho, fotografia, boneca de pano, cantinho do empoderamento (estética periférica através de cortes de cabelo, maquiagem e utilização de acessórios de identificação cultural), shows, intervenções artísticas livres.

Nesta edição, com a finalidade de fomentar a comunicação e a produção de mídia independente, serão realizadas oficinas de fotografia e audiovisual, isntruídas pela produção do evento e selecionadas através de formulário de inscrição.

Com um histórico de sucesso das edições anteriores, destaca-se a importância do fomento cultural local, tendo em vista a dificuldade de diálogo e produção cultural independente. O evento une e reúne artistas, produtores, fotógrafos, escritores, poetas e amantes da cultura Hip Hop de Barbacena e região, sendo este, movimento de inspiração para outros projetos executados. Abrange um público diverso em faixa etária e classe social, fornece trabalho aos trabalhadores ambulantes, lazer e interação da comunidade presente.

Criado e executado por Karina Nézio de Sousa, 30 anos, lograda na cidade de Barbacena/MG, representante do Movimento Hip Hop local, MC, mãe solo, integrante do Coletivo Coesa, colaboradora Fora do Eixo MG e apoiadora dos movimentos culturais e sociais. Elaborou e executou a Liga Feminina de MCs em MG, primeira batalha de freestyle exclusivamente feminina na história do Hip Hop Nacional e, posteriormente, a Liga Feminina de Mcs Nacional.


Mais sobre o projeto: http://coreacao.org/galerias/

 

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